terça-feira, 23 de março de 2010

Cotidiano escolar e a diversidade


Foi muito importante para refletirmos sobre a educação na diversidade. Valores que muitas vezes passamos a nossos alunos e permeiam o currículo oculto. Um bom momento para repensarmos as nossas atitudes e práticas educativas. Eu sempre trabalhei a tolerância, no sentido de respeitar as diferenças e não a intolerância no sentido da indignação, principalmente quando relacionada a questões sociais, a exploração, a marginalização.
O preconceito que está arraigado no cotidiano escolar, nas atitudes de educandos e educadores, que estranha tudo o que é diferente de nós.Na educação tradicional, que enquadrava os alunos iguais e excluí os que não se encaixavam nas formas. Atualmente, depois do movimento dos educadores que defendem a escola nova, passou a se pensar na convivência humana menos preconceituosa, abrindo caminho para a convivência na diversidade humana e com possibilidade de incluir todos em busca de um projeto de felicidade.
E o papel dos educadores é muito importante na construção desses valores com os educandos. Pensar e discutir esses valores no campo escolar auxilia na construção de cidadania. Cidadania que se refere na participação desses alunos na vida da sociedade, e não apenas buscar seus direitos e deveres, mas sair do "eu" e pensar mais no coletivo.
Assisti com os alunos o filme Madagascar e conversamos sobre a diversidade dos animais. Foi uma discussão positiva onde perceberam as diferenças individuais de cada uma e o convívio de ambos.

O assunto "Direitos Humanos" como uma conquista depois de muita luta. Educar em direitos humanos não é apenas falar sobre valores humanistas e nem transmitir alguns sentimentos de amizade, cooperação, lealdade mas sim,formar pessoas para conviver em uma sociedade em que respeitem as diferenças pessoais e de grupos, que garanta condições dignas de vida igualmente para todos. Essa educação em diretos humanos deve abranger toda a comunidade escolar e precisa ser contínua, interdisciplinar e transversal.
Como no ínicio do ano eu já havia trabalhado com o autorretrato. Fiz opção de trabalhar com caricaturas, onde cada aluno deveria respeitar as características indivuduais de cada um. Foi muito bacana, principalmente porque esse trabalho já vem sendo desenvolvido desde o início do ano. Tenho um aluno negro que o desenhava branco, depois de vários discussões e observações das diferenças em sala de aula, nessa caricatura ele se desenhou negro e disse :"Eu sou negro e daí, tenho que gostar de mim do jeito que eu sou." E eu como educadora me senti muito gratificada por perceber que ele começou a se olhar com outros olhos, de forma positiva.
A inclusão como um direito de todos. Assim, como Santos citado no texto diz que temos direito à diferença quando a igualdade nos descaracteriza. Sabe-se que esse conceito de educação inclusiva precisa ser ampliado de aluno com deficiência para qualquer aluno, independente de sua singularidade. Está educação inclusiva -para todos- está relacionada com a educação de qualidade, qualidade não apenas nos números de matrículas, mas no desenvolvimento pessoal e social dos indíviduos. Contempla também fatos históricos que explicam o percurso tortuoso da educação no Brasil até a década de "90" onde o clamor foi a "Educação para todos" em busca de uma educação de qualidade.
Realizei com os alunos a inversão de papéis. Alguns alunos ficaram por um período de 30 minutos privados de alguns de seus cinco sentidos e de alguns movimentos. Em seguida, relataram ao grupo as sensações e os anseios que sentiram. Um aluno que estava impossibilitado de andar disse:" Professora, bateu o sinal todos saíram e me deixaram sozinho aqui na sala." Paramos para refletir sobre essa situação! Foi proposto uma produção textual, mas os alunos que não participaram da vivência tiveram dificuldade de contextualizar.
A escola é um ambiente formado por um grupo heterôgeneo e não homôgeneo, onde encontra-se com pessoas diferentes tanto no mode de ser, pensar e agir. Portanto a escola é uma espaço de socialização de cultura e deve contribuir para uma educação mais igualitária. Gostei da ilustração onde a escola é formada por formas circulares e os alunos por círculos e por demais formas, quando é pedido para "tormar os seus lugares" eles não se encaixam, ou seja, existem alunos que não conseguem se encaixar nas escolas que buscam o mesmo patrão de aluno e não encontram.

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